Europa atacada? "Se NATO exigir, vamos morrer onde tivermos de morrer"
Gouveia e Melo lembra que Portugal é um aliado da NATO e que a Europa "é a nossa casa comum", havendo a obrigação de a defender.
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País Gouveia e Melo
O chefe de Estado-Maior da Armada Portuguesa, almirante Gouveia e Melo, voltou a defender um modelo de serviço militar que permita mobilizar rapidamente os jovens, caso seja necessário, destacando a importância da "experiência" e realçando que "o nosso país é o nosso espaço europeu" e, em caso de um conflito alargado e se a NATO assim o "exigir", "vamos morrer onde tivermos de morrer para defender a Europa".
Numa entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, esta quarta-feira divulgada, Gouveia e Melo admitiu que "estamos perante uma iminência de um problema muito sério na Europa". Segundo o almirante, a invasão da Rússia à Ucrânia "veio mudar o comportamento internacional", e essa "mudança pode ser de tal forma estruturante que pode destruir as bases que temos hoje".
"Destruindo essas bases, tudo o que hoje consideramos como garantido, que é a segurança na Europa, a NATO, a União Europeia, que são pilares essenciais para a nossa segurança e para a nossa prosperidade, podem ser postos em causa. Sendo postos em causa, num mundo muito conturbado, não é inimaginável, como era há uns anos, que possamos ter de alinhar em conjunto, porque fazemos parte de uma aliança", referiu.
Gouveia e Melo entende que se pode escalar "para uma situação que não é nada confortável e para a qual temos de estar preparados, para não sermos apanhados desprevenidos".
Assim, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas assegurou que a Marinha está preparada para o combate e voltou a defender um modelo de serviço militar que permita mobilizar rapidamente os jovens, insistindo que deve acontecer uma discussão sobre o tema.
"O que defendo é que temos de ter um modelo que permita uma mobilização rápida para os nossos jovens em caso de termos de nos defender. E esse modelo, isto não é na Marinha ou na Força Aérea, é um modelo muito mais alargado. Porquê? Porque se tivermos de nos defender, somos todos que temos de nos defender", disse.
"Pergunto sempre às mães: preferem ter o seu filho a ser recrutado para uma defesa com uma semana de treino ou um filho que ao longo do tempo foi tendo conhecimentos e foi adquirindo experiência para, se um dia tiver de defender o país, possa fazê-lo com o mínimo de condições e com o mínimo de conhecimento?", explicou.
"Se tivermos de criar uma força de defesa nacional em caso de invasão, é nesse dia que vamos pensar nisso ou devemos preparar a nossa população para isso?", continuou.
O chefe de Estado-Maior da Armada Portuguesa reforçou que não defende "o modelo do Serviço Militar Obrigatório antigo", mas sim um modelo de "discussão pública para olharmos para o problema" que está "à nossa frente" para encontrar "uma solução em conjunto", que seja "consensual".
"Agora, não podemos é meter a cabeça debaixo da areia e dizer que isso não vai acontecer, porque estamos aqui neste cantinho e antes a Europa toda vai ser conquistada até chegarem cá. E quando chegarem cá já não vale a pena defendermo-nos, não é? Porque senão não somos aliados de nada. Quando digo defender o nosso país, não é o nosso país aqui em Portugal, o nosso país é o nosso espaço europeu. E podem ter certeza absoluta de que se a Europa for atacada e a NATO nos exigir, vamos morrer onde tivermos de morrer para defender a Europa, que é a nossa casa comum. Afinal, estamos a defender o nosso modo de vida, a democracia, os nossos sistemas, a nossa economia", rematou.
Na mesma entrevista, note-se, Gouveia e Melo revelou ainda que o número de missões de acompanhamento de navios russos durante a passagem por águas portuguesas quadruplicou nos últimos três anos.
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