Lagarde quer regulador de mercados na UE idêntico ao dos EUA
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, defendeu hoje a criação na União Europeia (UE) de uma Comissão de Valores Mobiliários semelhante à SEC nos Estados Unidos.
© Lusa
Economia Lagarde
Ao inaugurar um congresso da banca europeia em Frankfurt, Lagarde disse que atualmente a Autoridade Europeia de Valores e Mercados (ESMA, na sigla em inglês) desempenha algumas das funções, mas não está realmente unificada.
"A supervisão permanece sobretudo a nível nacional, o que fragmenta a aplicação da legislação na UE", os poderes estão divididos entre vários reguladores nacionais, advertiu.
"Criar uma SEC [Securities and Exchange Commission] europeia, por exemplo, ampliando os poderes da ESMA poderia ser a resposta. Necessitaria de um mandato amplo, incluindo supervisão direta, para mitigar riscos sistémicos colocados pelas grandes empresas transfronteiriças e pelas infraestruturas de mercado", disse Lagarde.
A líder do BCE criticou que a união dos mercados de capitais na UE não avance e considerou que essa medida é necessária para financiar a transformação da economia.
Lagarde disse também que "é claro que as condições para o desenvolvimento dos mercados de capitais na Europa ainda não foram reunidas" e criticou que tenha faltado um objetivo comum nos últimos dez anos e que governos e empresas reduzam os seus investimentos.
Segundo a presidente do BCE, a Europa, tal como outras regiões, enfrenta problemas como a desglobalização, as alterações demográficas e a descarbonização e estão a aumentar os sinais de que a economia está a fragmentar-se em blocos concorrentes.
O envelhecimento da população vai tornar necessárias novas tecnologias para produzir mais com menos trabalhadores e o aquecimento global torna necessário avançar na transição verde sem mais atrasos, acrescentou.
A Comissão Europeia (CE) calcula que a transição verde exigirá investimentos adicionais de 620.000 milhões de euros anuais em média até 2030 e a transição digital outros 125.000 milhões de euros anuais.
Os governos têm agora os níveis de dívida mais elevados desde a Segunda Guerra Mundial e o fundo de recuperação europeia termina em 2026, lembrou Lagarde.
Os bancos são importantes no financiamento da transformação da economia, mas se pode esperar que assumam tantos riscos nos seus balanços, considerou.
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