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Hipoglicemia grave: A importância da inovação na gestão de crises

Um artigo de opinião da autoria de Sónia Santos, enfermeira especialista em saúde infantil e pediatria do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS).

Hipoglicemia grave: A importância da inovação na gestão de crises
Notícias ao Minuto

12:00 - 09/08/21 por Notícias ao Minuto

Lifestyle Artigo de opinião

A hipoglicemia surge quando há uma queda da glicose (açúcar) do sangue para níveis abaixo dos 70mg/dl. Em condições normais, o organismo mantém a concentração de açúcar no sangue entre os 70-110 mg/dl. São consideradas hipoglicemias graves quando os níveis de glicose estão abaixo dos 45mg/dl. Nesta situação, o cérebro não recebe a energia suficiente para o seu funcionamento, levando a sintomas graves como: confusão mental, mudança de comportamento, irritabilidade, fraqueza, inquietação, sonolência, convulsão, coma, podendo levar à morte.

Os eventos de hipoglicemia grave, são uma preocupação para a pessoa com diabetes, família e cuidadores, bem como para as equipas de saúde que os acompanham.

A terapêutica para a hipoglicemia ligeira/moderada e/ou hipoglicemia grave assenta principalmente na prevenção, sendo muito importante educar e capacitar as pessoas com diabetes e respetiva família para as suas causas, riscos e tratamento. Numa situação de hipoglicemia a administração de hidratos de carbono simples (açúcar/glicose) é indispensável. Geralmente, recuperam completamente ao fim de alguns minutos. Se perda de consciência, deve ser administrado glucagon injetável ou nasal e acionar o 112.

Nos últimos anos têm-se verificado avanços inovadores no tratamento e gestão da diabetes com consequências favoráveis para o autocontrolo da doença e prevenção, nomeadamente, da hipoglicemia grave. Assim, algumas das inovações que destaco são: os análogos de insulina, a monitorização continua e flash de glicose, bombas de insulina, aplicações para smartphones (App) e tratamento de hipoglicemia grave com glucagon nasal.

O desenvolvimento inovador das insulinas, está relacionado com a criação de novas insulinas por modificação das suas estruturas moleculares que lhes conferem diferentes tempos de ação. São chamados análogos de insulina que em semelhança ás insulinas humanas existem as de ação rápida e de ação lenta. A combinação de ambas, de acordo com a indicação médica, permite maior estabilidade nos valores de glicemia, evitando eventos adversos.

O sistema de monitorização continua e flash de glicemia intersticial, em alternativa às tradicionais “picadas” no dedo, surgiram como uma mais-valia no controlo glicémico da pessoa com diabetes. O sistema de monitorização continua de glicose, faz a leitura em tempo real através de um sensor colocado no abdómen, cuja informação é enviada para um leitor que se encontra junto da pessoa e esta é alertada da iminência de hipo ou hiperglicemia, levando a agir de forma a evitar eficazmente esses eventos.

Existe, também, o sistema de monitorização flash. Consiste num pequeno sensor colocado na face externa do braço, que mede e armazena automaticamente os valores de glicose. Cada leitura fornece o valor atual de glicose, o histórico das últimas 8h de glicose e seta de tendência da evolução da glicemia que ajuda a tomar decisões preventivas e/ou corretivas de modo a evitar episódios de hipo e hiperglicemia. Este sistema é comparticipado pelo SNS. No entanto, aguarda-se comparticipação da versão mais avançada deste dispositivo o qual mantém todas as funcionalidades descritas, mas acrescenta a comunicação contínua por bluetooth entre sensor e leitor, acionando alarmes de hipo e hiperglicemia muito úteis, principalmente, para o período noturno nas crianças/jovens com diabetes tipo 1.

No que concerne à bomba de insulina, é uma terapia usada por diabéticos tipo 1 em substituição das múltiplas injeções de insulina por dia. A bomba está programada para injetar insulina contínua no organismo (através de um cateter subcutâneo indolor) e em bólus dando liberdade para que o paciente restabeleça os seus horários e atividades que com múltiplas doses de insulina poderiam ser limitadas. A bomba é uma ótima solução pois simula a secreção de insulina de um pâncreas normal e traz comodidade ao paciente permitindo maior estabilidade glicémica e diminui o risco de uma possível crise de hipoglicemia noturna. Já existem no mercado bombas emparelhadas com sensor de monitorização continua de glicose com autonomia para interromper a administração de insulina em situações de hipoglicemia, retomando a perfusão quando valores normais para o paciente e bombas com circuito fechado híbrido com insulina basal automática, bólus de correção automático e a possibilidade de personalizar o valor alvo de glicemia, sendo o sistema mais aproximado do “pâncreas artificial”.

Outra inovação, para melhorar a gestão da diabetes são as App, as quais podem ser utilizadas para monitorização de glicemia, se emparelhado com sensor, como calculador de bólus de insulina que pode ser ou não emparelhado com medidor de glicose. Permitem partilha de dados com a equipa de saúde, facilitando ao utente e aos profissionais o ajuste terapêutico de modo a prevenir eventos adversos como hipoglicemias frequentes e crises de hipoglicemia grave, principalmente em tempos de pandemia.

Para o tratamento da hipoglicemia grave, está disponível em Portugal, recentemente, o glucagon nasal, com o qual se obtém resultados muito idênticos ao glucagon injetável, tendo a vantagem de ter fácil conservação, não ter agulhas e ser de fácil administração por qualquer pessoa. Constitui um avanço importante para o tratamento das crises graves de hipoglicemia. No entanto, ainda não é comparticipado pelo SNS.

Em suma, o uso das inovações tecnológicas no tratamento da diabetes tem imenso potencial para contribuir para uma maior adesão ao tratamento e consequente prevenção de complicações, pela redução da frequência de medições capilares, menor variabilidade das glicemias e consequente redução dos episódios de hipoglicemia, mas deveriam ser acessíveis a todos. Assim, enquanto profissionais de saúde devemos estar recetivos e disponíveis para abraçar todas as inovações tecnológicas e farmacológicas que venham acrescentar conforto, segurança às pessoas com diabetes, pois cada passo dado em frente, traduz um importante ganho na melhoria da qualidade de vida dos pacientes, nomeadamente as crianças e jovens com diabetes.

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