Passados 19 meses a usar máscara e em confinamentos, com o sol a aquecer e as férias também, o que menos nos apetece é... falar da Covid-19. 

Desculpem se insisto neste tema, que a todos cansa e que teima em não nos deixar seguir a nossa vida em paz.

Todavia, importa lembrar que apesar de cerca de 90% dos infetados pela SARS-Cov-2 quando muito apresentarem doença ligeira, os outros 10%, que atualmente representam cerca de 90 mil portugueses, ou já tiveram ou virão a ter formas moderadas a graves. Além disso, os cientistas são unânimes em referir que não sabemos como é que a doença se manifestará a longo prazo nas pessoas afetadas.

Dr. Miguel Toscano Rico© DR

Não querendo ser alarmista, mas simplesmente lembrando que 'prudência e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém', importa acatar as recomendações das autoridades de saúde (DGS), afim de evitarmos contágios desnecessários e, por outro lado, estabelecer estratégias de recuperação das pessoas que tiveram formas graves, tão precocemente quanto possível.

Por outras palavras: de preferência não ficar doente (prevenir); mas se ficou doente, então tratar o quanto antes (evitar sequelas).

Embora a Covid-19 afete virtualmente todos os órgãos e sistemas no homem e que o futuro nos possa reservar 'surpresas' desagradáveis (como o 'long covid' ou o 'brain fog'), é consensual que o pulmão é o mais atingido.

Por isso importa promover a reabilitação respiratória o quanto antes, na esperança de que se possa interferir na progressão da doença e que as sequelas não se instalem definitivamente. 

Enquanto sociedade, temos de ser criativos para que os constrangimentos e as assimetrias no acesso às consultas de fisiatria e aos programas de fisioterapia sejam ultrapassados. Importa devolver a estas pessoas uma vida livre de cansaço fácil e sensação de falta de ar.

Os programas de tele-reabilitação online, em grupo e gratuitos podem ser uma forma eficaz de recuperação funcional, acessíveis em todo o território nacional e que não exclui os mais carenciados.

Não basta sobreviver à Covid-19. Importa retomarmos o nosso quotidiano na melhor condição possível. Os profissionais de saúde mantêm o seu compromisso de o ajudar a (re)aprender a inspirar e a expirar, para que possa respirar de alívio novamente.

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