Filipina despedida por ter cancro contesta decisão em Hong Kong
A empregada doméstica filipina, despedida por ter cancro e privada de acesso ao sistema de saúde de Hong Kong, recorreu ao Departamento de Trabalho do Governo local para contestar o despedimento.
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Mundo Despedimento
De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), além de perder o acesso ao sistema de saúde, o despedimento de Baby Jane Allas implica a saída, no prazo de 15 dias, da região administrativa especial chinesa.
O departamento de Trabalho indicou que ia prestar "uma ajuda apropriada" a Baby Jane Allas, que em janeiro passado foi diagnosticada com cancro no colo de útero, estádio III.
Na sequência deste diagnóstico, a empregada doméstica foi despedida pouco tempo depois pela família de origem paquistanesa que a empregava.
"Razões para o despedimento (se existirem): diagnóstico de cancro do colo do útero", de acordo com a carta recebida, a que a AFP teve acesso, sem ter conseguido entrar em contacto com a família empregadora.
Allas recorreu também à Comissão para Igualdade de Oportunidades. Este organismo governamental escusou-se a comentar o caso, mas sublinhou ser ilegal despedir um funcionário devido a uma situação considerada de desvantagem, seja ela qual for.
A comissão reconheceu ainda que este tipo de "discriminação continua a existir" na antiga colónia britânica, cuja transferência de soberania para a China ocorreu em 1997.
A filipina afirmou que pretende terminar o contrato. "Tenho cinco filhos e só eu os sustento, sou mãe solteira", contou Allas, que foi acolhida pela família norte-americana para a qual trabalha a irmã.
Esta família está a ajudar a Allas a contestar o despedimento, tendo organizado uma campanha de recolha de fundos 'online' para pagar as despesas médicas. Até agora, juntaram o equivalente a 30 mil euros.
As empregadas domésticas são consideradas um pilar da economia deste centro financeiro mundial, por permitirem aos pais trabalharem enquanto elas se ocupam das crianças e da casa.
Mais de 340 mil empregadas domésticas, denominadas publicamente como "helpers" ou assistentes, na maioria indonésias e filipinas imigrantes, trabalham em Hong Kong. A maior parte recebe uma pequena remuneração pela realização de algumas tarefas classificadas como ingratas e em condições difíceis.
As autoridades de Hong Kong afirmam que o sistema é justo e os abusos raros.
Para defensores dos direitos humanos locais, uma em cada seis empregadas domésticas é frequentemente vítima de exploração e a lei oferece uma proteção sumária.
No ano passado, o departamento de Estado norte-americano colocou Hong Kong ao mesmo nível da Tailândia e do Afeganistão em relação ao tráfico de seres humanos, em parte devido à proteção insuficiente para as empregadas domésticas.
Os elevados custos cobrados por agências de recrutamento, a obrigação de viver na casa do empregador, um salário mínimo de 4.520 dólares de Hong Kong (cerca de 500 euros) e a saída, em poucos dias, do território caso percam o emprego, explicam porque dificilmente se conseguem defender de patrões pouco honestos ou agressores.
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