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Cerca de 30 mil bebés nasceram em Gaza desde início do conflito

Cerca de 20 mil bebés nasceram "no Inferno" da Faixa de Gaza desde o início, há mais de três meses, da ofensiva israelita contra o território palestiniano, informou hoje a UNICEF.

Cerca de 30 mil bebés nasceram em Gaza desde início do conflito
Notícias ao Minuto

22:11 - 19/01/24 por Lusa

Mundo UNICEF

"Isto representa um bebé nascido a cada 10 minutos neste conflito terrível", realçou em conferência de imprensa, Genève Tess Ingram, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

De regresso da Faixa de Gaza, alvo de bombardeamentos incessantes israelitas, depois do ataque do Hamas em 07 de outubro, Ingram relatou vários casos testemunhos da situação de pesadelo que as grávidas, as mães lactantes e os bebés estão a viver.

Uma enfermeira, chamada Webda, disse-lhe que fez cesarianas de urgência a seis mulheres mortas nas últimas oito semanas e que perdeu a conta aos abortos ocorridos por causa do ar viçado e do fumo dos bombardeamentos.

Também relatou o caso de uma palestiniana grávida de seis meses, Amal, enterrada sob os escombros depois de um ataque. O bebé não mexeu durante uma semana, até que nasceu com boa saúde, uma semana antes do encontro com Ingram. No caos da guerra, a jovem mãe não teve outra escolha que não fosse sair do hospital quase a seguir, com a sua pequena Sama, e ir para um abrigo precário nas ruas de Rafah.

"Ser mãe deveria ser uma festa. Na faixa de Gaza, isso significa pôr uma criança no Inferno", resumiu Tess Ingram, para quem isto "ultrapassa a capacidade de entendimento".

A representante da UNICEF apelou a uma ação internacional imediata face a uma situação que "a Humanidade não pode considerar como normal" e vincou que só tinha tido acesso à parte sul da Faixa de Gaza e que no norte a situação é "infinitamente pior".

Indignada, detalhou: "Ver os bebés a sofrer devíamos impedir de dormir", acrescentando: "Saber que duas crianças israelitas raptadas em 07 de outubro ainda não foram libertadas, também nos deveria impedir de dormir".

Entre as jovens parturientes com quem esteve, Iman disse-lhe como tinha corrido aterrorizada nas ruas bombardeadas de Gaza, grávida de oito meses. "Hoje, 46 dias depois de uma cesariana, está hospitalizada por uma grave infeção e demasiado fraca para segurar o seu bebé, Ali, nos braços", contou Ingram.

O hospital Emirados, em Rafah, acolhe a grande maioria das grávidas da Faixa de Gaza, segundo a UNICEF. Mas o pessoal, submerso com a afluência de pessoas e recursos limitados, está obrigado a fazer sair as mães três horas depois de uma cesariana.

Mas, depois do parto, o calvário apenas começou. Tudo falta: alimentação, água potável, cuidados médicos, abrigo adequado, ...

Para os bebés, isto traduz-se em "taxas elevadas de desnutrição, problemas de desenvolvimento e outras complicações de saúde", indicou a UNICEF.

A Agência da ONU estima em "cerca d 135 mil" o número de crianças com menos de dois anos ameaçados de malnutrição severa.

A taxa atual de mortalidade infantil na faixa de Gaza é impossível de saber, mas "pode-se, sem problemas, dizer que as crianças morrem hoje tanto por causa da crise humanitária, como por causa dos bombardeamentos e dos tiros", acrescentou Ingram.

"As mães e os recém-nascidos precisam de um cessar-fogo humanitário", concluiu.

Leia Também: Grupo aliado do Hamas revela vídeo de refém israelita que terá sido morto

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