Lavagem cerebral: como funciona?

Quando pensamos em lavagem cerebral, geralmente pensamos nos extremos, como a síndrome de Estocolmo. No entanto, a lavagem cerebral é mais prevalente entre nós do que podemos pensar. Qualquer stress emocional pode provocar uma mudança repentina nas crenças e na personalidade. Lembre-se de estar apaixonado, de sofrer, ou de qualquer emoção intensa. Nesse momento, provavelmente estava mais suscetível a ideias diferentes.

A lavagem cerebral usa momentos de emoção intensa para mudar literalmente a maneira como o seu cérebro funciona. O método pode ser usado tanto para o bem como para o mal. Se tiver interesse em como a mente pode ser completamente manipulada, dê uma vista de olhos nesta galeria para descobrir como e porque sofrem as pessoas lavagens cerebrais.

© <p>Shutterstock</p>

Lavagem cerebral

De acordo com o dicionário Priberam, "lavagen cerebral" define-se como o "processo de mudança profunda de pensamento, de identidade ou de personalidade, originado por uma influência exterior poderosa."

© <p>Getty Images </p>

Familiaridade Ao ler isso, poderá pensar logo em seitas. No entanto, numa forma diluída, a lavagem cerebral forma essencialmente a base da publicidade moderna.

© <p>Getty Images</p>

História Para entender o papel que desempenha na sociedade atual, devemos examinar como o termo foi cunhado e a psicologia por trás da lavagem cerebral.

© <p>Getty Images</p>

A Guerra da Coreia (1950-53) A identificação da lavagem cerebral tem as suas raízes em 1950, quando a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul. As Nações Unidas enviaram um grupo internacional de tropas para lutar ao lado da Coreia do Sul.

© <p>Getty Images</p>

South Korea

Na época, a Coreia do Sul era efetivamente uma colónia dos Estados Unidos. Quando a Coreia do Norte invadiu, o governo americano enviou a maior quantidade de dinheiro e tropas. No final, 300.000 soldados foram enviados para lutar.

© <p>Getty Images</p>

Coreia do Norte

A Coreia do Norte foi apoiada pela União Soviética e pela China. Consequentemente, é amplamente considerada uma guerra por procuração que manifestou as tensões crescentes entre o Leste e o Oeste.

© <p>Getty Images</p>

Prisioneiros Os soldados americanos representavam 90% das forças contra a Coreia do Norte. Portanto, era inevitável que alguns fossem capturados e presos. Quando eram libertados, eram frequentemente mandados de volta para os Estados Unidos.

© <p>Getty Images</p>

Estranho Os soldados que eram libertados agiam de maneira extremamente estranha. Quando voltavam a casa, exaltavam as virtudes do comunismo e dos seus líderes. Surpreendente, tendo em conta o que tinham sofrido durante meses na prisão.

© <p>Getty Images</p>

Patriotas Tenha também em mente que muitos desses soldados eram patriotas que se tinham alistado.

© <p>Getty Images</p>

Investigação

As forças armadas americanas tinham a certeza de que algo estava a acontecer e pediram a um agente da CIA, Edward Hunter, que investigasse o caso. Foi ele quem disse que os soldados tinham sofrido uma "lavagem cerebral".

© <p>Getty Images</p>

Edward Hunter Hunter escreveu um livro chamado ‘Brainwashing’ (1961), que afirma que as pessoas que sofreram lavagem cerebral se tornam tão subservientes quanto “um inseto aos seus instintos”. Isso era óbvio, mas como aconteceu?

© <p>Getty Images</p>

Explicação Antes da lavagem cerebral, uma pessoa tem um conjunto de crenças, mas depois, acredita em algo radicalmente diferente. Essas novas crenças são adotadas num período muito curto de tempo, ao invés de construídas ao longo da vida.

© <p>Getty Images</p>

Conversão repentina William Sargant (1907–1988) foi um psicólogo britânico que descobriu que essas conversões repentinas estavam já ocorriam regularmente na forma de conversões religiosas, terapêuticas e políticas.

© <p>Getty Images</p>

Significância Sargant afirmou que, por serem todas conversões repentinas, usavam provavelmente os mesmos processos psicológicos. Assim, começou a trabalhar para descobrir como a mente humana é alterada nesses contextos.

© <p>Getty Images</p>

Problema mais amplo No entanto, sob esta luz, a lavagem cerebral não é apenas uma questão dos presos políticos, mas também um problema para todos os seres humanos que decidem mudar radicalmente as suas vidas.

© <p>Getty Images</p>

Procura de respostas Sargant voltou atrás às raízes examinando o trabalho do famoso fisiologista Ivan Pavlov (1849–1936), que estudou o sistema nervoso dos animais.

© <p>Getty Images</p>

Descobertas esclarecedoras

Pavlov realizou uma experiência no qual colocou alguns cães sob stress extremo até as suas mentes se desligarem por completo.

© <p>Getty Images</p>

Descobertas esclarecedoras Pavlov descobriu que o comportamento dos cães mudou drasticamente. Em primeiro lugar, esqueceram a maioria dos ensinamentos anteriores e, em segundo lugar, se lhes ensinava um novo comportamento logo após o colapso, este tornava-se profundamente enraizado.

© <p>Getty Images</p>

William Sargant Sargant percebeu que a mesma lógica se aplicava aos humanos. No seu livro "Battle for the Mind" (1957), escreveu que os seres humanos podem sofrer lavagem cerebral "não apenas pela doutrinação persuasiva, mas também pela imposição de tensões intoleráveis num cérebro de funcionamento normal".

© <p>Getty Images</p>

A chave Como acontecia nas prisões, os humanos precisam de passar por um intenso stress emocional para obliterarem as suas crenças anteriores e assumirem novas.

© <p>Getty Images</p>

William James (1842–1910) De forma inteligente e um tanto desconcertante, o filósofo e psicólogo William James realçou que o stress emocional não vem apenas da tortura, mas pode incluir experiências intensas como tristeza e desgosto.

© <p>Getty Images</p>

Experiências emocionais Por exemplo, relacionamentos abusivos, felicidade extrema e insegurança extrema podem são experiências emocionais intensas que podem causar mudanças mentais drásticas.

© <p>Getty Images</p>

Tão antiga como o tempo Apesar da pesquisa moderna, as pessoas conhecem formas de lavagem cerebral há séculos — simplesmente não as escreveram. Provavelmente por ser a sua arma secreta.

© <p>Getty Images</p>

John Wesley (1703–1791) John Wesley era um clérigo anglicano que usava a técnica de lavagem cerebral. Nos seus sermões, ele incutia o temor a Deus, literalmente, nos fiéis.

© <p>Getty Images</p>

I n f e r n o

Ele dizia-lhes que arderiam no  I n f e r n o  se não aceitassem Deus. Como ele era tão carismático e convincente, o público sentia-se emocionalmente angustiado com a morte e estava mais propenso a aceitar essas crenças.

© <p>Getty Images</p>

Physical As pessoas que o ouviam ficavam frequentemente tão emocionadas que desmaiavam na igreja. Esse comportamento pode parecer familiar quando se pensa em alguns dos grupos religiosos mais fanáticos do mundo.

© <p>Getty Images</p>

Cultos

Esta técnica não é de forma alguma usada por todos os grupos e líderes. No entanto, se pensar em alguns dos cultos famosos, como Jonestown e Children of God, o comportamento parecerá quase idêntico.

© <p>Getty Images</p>

Mudanças cerebrais

Também vale a pena lembrar que, embora as pessoas que sofreram lavagem cerebral possam acreditar em ou fazerem coisas desagradáveis, é possível que elas não o pudessem literalmente evitar.

© <p>Getty Images</p>

Maldade

A menos que acredite que toda a gente é intrinsecamente maldosa, a lavagem cerebral pode explicar porque muitas vezes pessoas boas fizeram coisas más sob a influência de um "poder superior". Tiroteios em massa e extremismo, quando analisados, costumam ser o resultado de algum tipo de lavagem cerebral.

© <p>Getty Images</p>

Lado positivo

Embora a técnica possa ser usada para o mal, também pode ser usada para o bem. Em algumas terapias, estimular o stress emocional pode permitir que o paciente adote um novo sistema de crenças, sem a sua doença.

Fontes: (Britannica)(Academy of Ideas)

Veja também: Descubra se seria acusada de bruxaria no século XVII

© <p>Getty Images</p>